Páginas

14 de novembro de 2017

COM ZIKA E CRISE, NASCIMENTOS RECUAM NO PAÍS APÓS 6 ANOS; CASAMENTOS CAEM

O número de nascidos no Brasil em 2016 caiu 5,1% em relação ao ano anterior, interrompendo tendência de crescimento que vinha desde 2010. O fenômeno aconteceu em todas as regiões do país. O número de casamentos também sofreu queda tanto para gays quanto para heterossexuais e o de divórcios, por sua vez, aumentou.

É o que mostra a pesquisa anual Estatísticas de Registro Civil, divulgada nesta terça-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já era esperado que o número de nascimentos caísse em algum momento devido ao envelhecimento da população e da queda da taxa de fecundidade, mas a proporção do recuo surpreendeu os pesquisadores.

Houve 2,79 milhões registros de nascimentos, 151 mil a menos do que em 2015. Para se ter uma ideia, 96,5% dos municípios do Brasil têm menos de 150 mil habitantes. Entre 2003 e 2010, o número de nascimentos oscilou sutilmente. A partir de 2010, a tendência foi de crescimento, até 2016. A queda neste ano foi a mais acentuada desde 2006.

Uma das hipóteses levantadas por pesquisadores do IBGE para explicar a queda do número de nascidos é o surto de zika, que inibiu mulheres de engravidarem. Reforça essa hipótese o fato de o Estado de Pernambuco, que teve muitos casos da doença, ter tido a maior queda do número de nascimentos ocorridos e registrados em 2016 entre todas as unidades da federação.

Também é possível que a crise financeira por que passa o país tenha desincentivado casais a terem filhos. "Pesquisas do IBGE mostram que há relação entre crise, desemprego e nascimentos. As pessoas acabam adiando a decisão de ter filhos", diz Barbara Cobo, coordenadora de população e Indicadores sociais do IBGE.

Se o número de nascimentos caiu, a idade das mães se manteve a mesma de 2015. Os dados confirmam que as mulheres estão postergando a maternidade. Entre 2006 e 2016, cresceu a proporção de mães que tiveram filhos depois dos 30 anos e houve queda no número de mães jovens.

Mulheres do Norte e do Nordeste foram mães mais jovens do que no resto do país. Na região Norte, há maior concentração no grupo de idade de 20 a 24 anos (29,6% dos nascidos). Isso se explica, em parte, pelo fato de a região ter uma população relativamente mais nova do que o resto do país, além de um número de filhos mais alto por mulher.

Já as regiões Sul e Sudeste têm as mães mais velhas. Nelas, o maior percentual de nascimentos ocorre entre mulheres de 25 a 29 anos (24,7% no Sul e 24,3% no Sudeste), 20 a 24 anos (23,5%) e 30 a 34 anos (22,1%).

As pessoas também se casaram menos em 2016, tanto gays quanto heterossexuais. Houve redução de 3,7% no total de casamentos em relação a 2015, foram 41.813 a menos. A estatística só leva em conta casamentos de papel passado, excluindo outros acordos, como uniões estáveis. A taxa de nupcialidade legal foi de 6,87, o que significa que, para cada mil brasileiros em idade para casar, sete, em média, se uniram legalmente. Em 2015, a taxa havia sido de 7,2.

Isso aconteceu em todas as regiões do país para casais de sexos diferentes. Já para cônjuges do mesmo sexo, as exceções foram as regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde houve aumento nessas uniões de 1,6% e 7,7%, respectivamente.

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aprovou resolução que determina que todos os cartórios estão habilitados a celebrar o casamento entre pessoas do mesmo sexo no país.Para Cobo, havia uma demanda reprimida pelo casamento gay, que passou por "boom" entre 2013 e 2015. A tendência, diz ela, é que a taxa estabilize a longo prazo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário